Digressões Cariolistas

28 abril, 2007

Digressions II


23 abril, 2007

Digressions

"And isn't it ironic... Don't you think?"



13 abril, 2007

Minutas de um processo demorado - II

Agiu. Como era de se esperar, obteve sucesso. Tudo ocorrera previsivelmente bem. Estava feliz. A partir daí, era só saber administrar a vitória, até chegada a hora da próxima etapa.
Nesse momento, a dúvida de antes – agir ou reagir? – foi substituída por uma ansiedade tamanha. Quando virá o próximo estágio, se é que este virá? O que fazer até lá? Foi então que começou a temer pela sua ansiedade.
Por fim, adormeceu e sonhou com a intelectualidade pintada na esbórnia, tradução de toda sua ânsia.

12 abril, 2007

Minutas de um processo demorado - III (sim, a parte III veio antes da II)

Subitamente a realidade esmagou-lhe. Estava trabalhando, quando de repente calculou todas as possibilidades reais e percebeu que não ia dar certo. Foi como se pudesse ter visto o mundo de um ângulo exterior. Era uma pena, pensou. Realmente achava que poderia ser bom – e queria de coração que fosse -, mas sabia que, com o tempo, tudo se esfacelaria em mil pedaços; tudo seria varrido por um vento destruidor. Lembrou de uma música dos Titãs, da qual gostava muito, “Isso”. O mais estranho era ter certeza do fim, sem nem ao menos saber do começo.
Na verdade, ainda nem havia um começo, mas já sabia qual seria o final, como alguém que nos conta o fim do filme que ainda não vimos. Não entendeu o porquê desta visão – se assim podemos chamar esse rompante de lucidez -, mas teve medo. Sabia exatamente o que estava reservado para o futuro. Sabia muito bem que a euforia logo seria substituída pela agonia. Entretanto, resolveu seguir em frente, mesmo assim. Era mais uma ação, afinal.
Para alívio temporário, convenceu-se rapidamente de que tudo não passara de uma alucinação e voltou a trabalhar com o mesmo empenho de outrora.

10 abril, 2007

Minutas de um processo demorado I

Não sabia se agia ou esperava. Agir significava ter êxito quase certo, mas a dúvida corrompia-lhe a alma e o pensamento; esperar era não expor seu íntimo a uma aventura arriscada, mas, ao mesmo tempo, era manter a ansiedade bem viva. Precisava escolher um caminho rapidamente. Não conseguia mais sustentar aquela situação. A vontade dizia-lhe para agir, mas a razão clamava por cautela.
Pensou em deixar que tudo se resolvesse com o tempo. Talvez, se o calor do momento se dissipasse, o raciocínio seria mais claro – mal podia coordenar suas sinapses, em meio a tantas sensações. Mas acaso isso não era uma forma de esperar? Depois quis resolver tudo o mais rápido possível. Reuniu todos os impulsos de uma só vez e partiu direto para a ação. Parou. Lembrou-se de que isso seria acabar com tudo, o que anularia a possibilidade de outra escolha. O medo de errar impedia que escolhesse um caminho. Tentou agir na primeira oportunidade que teve, mas o medo foi maior. Adiou mais uma vez. Odiou-se novamente. No passado as coisas era bem mais fáceis...
Hoje, ouviu a Orquídea Faceira contar-lhe tudo aquilo que os olhos vêem, mas que não são argumentos suficientes para convencer a razão de que a vontade está certa. A Orquídea Faceira, que ouviu historietas do velho Lírio, disse-lhe que a inércia é um meio de anular a si próprio e que se não agisse logo, tudo podia desmoronar. Sábia, a Orquídea; tinha uma visão muito mais ampla.
Sendo assim, resolveu agir. Não sabia bem como, nem quando. Não tinha certeza da vitória. Escolheu um plano de ataque e aguardou com impaciência. Teve medo e vontade de desistir. Foi em frente. O que realmente importava era que finalmente sairia do lugar. A superação desta etapa levaria à próxima.